quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mãe - uma profissão de vida

Dia 08/05/2011 - Dia das Mães. Eu sei, como é praxe, estou atrasada na minha homenagem bloguial. Porém, não há problema, porque todo dia é dia de mãe.

Oi, sou clichê. Tá, sou, na verdade, cara-de-pau, e uso de um clichê pra justificar minha desorganização. Né? Nem tanto. Às vezes os clichês cansam por serem tão verdadeiros. No dia seguinte ao das mães pude verificá-lo, quando, desesperada por causa de inúmeros contratempos com a faculdade e estando num dia péssimo, com um carinho no rosto, minha mãe disse: "Minha filha, é só um dia, é só uma prova, isso tudo se resolve e vai ficar pequeno depois, você vai ver". É, com esse pequeno gesto, gesticulação de amor materno, eu pude ver: sim, domingo, segunda, no dia especial ou depois: todo o dia, a minha mãe é mãe - e que mãe! Por isso, todo dia tem de ser dedicado a ela, tem ser dela.

Mas a comemoração comercial gera dinheiro, movimenta economia, impulsiona criação de comerciais cheios de encanto com mães abraçando seus filhos, alguns um tanto lugar-comum, outros realmente emocionantes. E sim, é válido ter um dia pra ela chamar de seu por direito (ainda que economicamente concedido). Porém, é imprescindível, se ainda se quer mudar os valores da humanidade, restaurar o sentido de amor, compreensão, de família, verificar o papel importante e insubstituível que as mães, as verdadeiras mães, exercem.

Sim, parece que elas assinam um contrato antes dos filhos nascerem com inúmeras e famigeradas cláusulas:

- Hei de ser chata e encher sua paciência pelo resto da sua vida;
- Impedirei seus programas favoritos quando bem entender, porque eu te gerei, e até você ter sua casa, sua família, seu dinheiro, você faz o que eu mando;
- Direi "NÃO" a praticamente todos os seus requisitos, sem mais nem menos, porque dá vontade. Algumas vezes, não vai adiantar chiar (e se o fizer, será pior, sob pena de aumento da punição); outras, sim, digo "não" pra depois dizer "sim". Mas faz parte da minha natureza e, não sei, eu gosto;
- Hei de formular inquéritos padronizados todas as vezes que você pensar em sair de casa e antes mesmo disso: com quem você PENSA que vai, que horas PENSA que volta, como PENSA que vai retornar ao lar. O verbo PENSA em letras garrafais já indica que estou propensa a vetar seu programa, ainda que esteja em cima da hora. As justificativas se enquadram na cláusula anterior. E não se esqueça: isso aqui é uma casa, não um hotel;
- Farei chantagem emocional, envolvendo os 9 árduos, dolorosos e longos meses que passei dedicando-me unicamente ao seu bem-estar dentro do meu ser, e ainda com mais força evocarei a dor excruciante do parto. Também vou envolver o ato de culpar a mim mesma para provocar a sua piedade e fazer com que você mude de ideia e pense sobre o filho(a) ingrato (a) que está sendo pra mim;
- Reclamarei da sua vestimenta, dos seus modos à mesa, dos seus comportamentos diante das visitas, dos seus namoros e de tudo que estiver ao meu alcance e o que não estiver também.

E assim por diante. E não adianta reclamar, pois é um acordo unilateral. Não, você não é consultado, nem sequer precisa assiná-lo. Sua assinatura, aliás, é o seu DNA, principalmente o mitocondrial, nesse caso. É isso aí, você nasceu pra isso, por causa disso e vai conviver com isso pelo resto da sua vida.

Tá bom, parei. Mamães, não insultem meu blog: é muito mais divertido apontar aqueles "defeitos" de mãe que a gente atribui a todas, junto com aquele famoso ditado: "Mãe é sempre a mesma, só muda o nome e o endereço". Por que coloquei defeitos entre aspas? Porque de maneira alguma o são, na realidade. São demonstrações corriqueiras, muitas vezes cômicas, disfarçadas, mas sempre genuínas do amor materno.

A lista daquelas atitudes mais obviamente imbuídas de ternura e coragem (porque é preciso pra fazer esse trabalho como deve ser feito, e em GRANDE quantidade!), iria ser ainda mais extensa. Desde as mais simples, como o preparar do café-da-manhã, a roupa sempre limpa, lavada e cheirosa, a comidinha inigualável, os mimos e atenções aos mais magnânimos, como o chorar junto do filho, o preferir padecer em seu lugar, a doação da própria vida por aquela que gerou. Não importa em qual nível estejamos, falar de maternidade é falar de DOAÇÃO, PLENA, TOTAL. Infelizmente, nossa sociedade atual esqueceu-se disso.

O feminismo clamou por muito tempo pela independência da mulher, pela sua desvinculação do papel de mãe e dona-de-casa, pleiteando uma "igualdade" em relação ao homem que não existe. Não me entendam mal, não estou dizendo que mulheres tem de ser subjugadas porque são inferiores aos homens, porque não o são, MESMO. Tem os mesmos direitos, é claro; no entanto, são diferentes e sempre serão. E se os homens não são melhores, por que ser iguais a eles? A mulher, nessa atitude, acabou muitas vezes indo na direção contrária, copiando tudo o que o homem faz de errado pra se poder dizer em pé de igualdade, fugindo da natureza de sua sexualidade. O feminismo teve seus méritos, não duvido. Mas é triste ver como se perderam tantas características valiosas da mulher em nome de sua "masculinização" - manifestação mais chauvinista, impossível.

As mulheres que querem fazer o bem à sociedade, transformá-la, melhorá-la, vão por muitas vias mas, infeliz e frequentemente, esquecem a principal. A maternidade é o maior caminho para a mudança social. Sim! É através dela, gerando, educando no amor, que se modifica o mundo. Porque se uma mãe tem noção de sua responsabilidade social, age de acordo com ela e ainda ensina os seus pequenos a fazê-lo também, mostrando a dignidade do ser humano e tudo o que a envolve, então ganha companheiros de luta: são mais pessoas querendo mudar o mundo! E o melhor, pessoas ligadas por laços fortes de sangue e de carinho. Isso tudo acontece quando se toma consciência de como a maternidade é magnânima, grandiosa, um verdadeiro dom, uma autêntica vocação. O amor de uma mãe pelo seu filho é o que mais se aproxima na comparação do amor de Deus pelos homens - só por isso, já dá pra ver o naipe da tarefa, né?

Deus permite que a mulher (e o homem também, é óbvio!) contribua com a sua obra de criação, sendo co-criadora (co-criadores!). Isso é tão maravilhoso! Como pode ser rejeitado, subestimado pela nossa cultura atual? Como não se enlaçar com o filho pela vida inteira a partir do momento que ele se enlaça no ventre? Como é que isso pode chegar a ser considerado, absurdamente, como um fardo, ou uma doença, algo o qual se evita de tantas maneiras artificiais? É triste ver a maneira com que foi preterida a principal profissão da mulher dentro de uma família, o papel seu que garante o futuro da humanidade, a base da sociedade. Se é nas crianças que se modifica o planeta (e com certeza, é nelas mesmo), então o verdadeiro começo está nos pais, e mãe representa uma parte essencial, da qual foi imcumbida e não pode se desfazer. É claro, sem de nenhuma maneira esquecer a paternidade complementa, unifica, é a outra metade, indispensável também.

Os pais são os troncos que, com os filhos como seus galhos, formam suas árvores genealógicas. Eles são a base, o que dá a sustentação, o suporte: é preciso que permaneçam unidos para as ramificações possam crescer firmes. E as mães constituem a parte mais florida e delicada desse tronco, sem jamais deixar de ser forte.

Por isso, aquelas que cumprem seu papel com esmero e dedicação todos os dias merecem medalhas, condecorações, faixas, coroas, todas as homenagens do mundo, porque realizam a formação deste. Mas o que mais merecem é amor em retorno, dos seus filhos e filhas muitas vezes tão ingratos. Em tudo o que fazem, carregam sua feminilidade e seu cargo, sem nunca largá-lo por mais pesado que seja. São heroínas, corajosas, as sementes de um mundo melhor. São mães duas vezes, sendo avós; três vezes, sendo bisavós e assim vai; o mais impressionante é que quanto mais vezes o sejam, maior é o amor - ele NUNCA se esgota. Pelo contrário, ele é o fermento de si mesmo e, por natureza, só pode crescer.


Esse post foi escrito, obviamente, em inspiração vinda da minha mãe, pequenina, forte, maravilhosa, que sempre amou, ama e amará com impressionante e inexorável dedicação seus cinco filhos, de uma forma constantemente saudosa, preocupada, assistente. Tudo isso só faz com que nós a amemos cada dia mais, por tudo que é. Mãezinha, favo de mel, obrigada por tudo!

Para finalizar, a visão de outros sobre o que é uma Mãe, a visão que acaba sendo universal:


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.


(Carlos Drummond de Andrade, sempre brilhante)


A genialidade de Chico Buarque, contando as angústias de tantas mães, que sofrem pelos seus filhos e que os amam incondicionalmente.




Todas as frases clássicas de mãe reunidas em 3 minutos: qual não vai se identificar?




At last, but not least, a Maior Mãe do mundo com o Maior Filho do mundo...