domingo, 4 de abril de 2010

Descobertas subestimadas

Um milagre aconteceu, nós temos que louvar!

Sim, sim, estou aqui num intervalo de tempo extraordinariamente curto desde minha última postagem. Da noite para o dia, o estalo do escritor rotineiro, do colunista diário, ou da pré-adolescente com seu companheiro "diário secreto" despertou dentro de mim.

Ok, mentira.

Comecemos pela verdade. Graças a Deus, ingressei na Escola de Comunicação da UFRJ! Viva!!!

Lá mesmo, meus olhos, já no segundo dia de palestras da Semana de Calouros, foram abertos. Não abertos a coisas extraordinárias de cara, mas a um alerta de uma professora de Jornalismo da faculdade: acostume-se a escrever todo dia, pelo menos um pouco. É isso que vou me esforçar mais para conseguir fazer aqui (e que lugar mais propício, não?).


Às vezes, subestimamos as coisas simples que nos circundam. Naturalmente, é claro, pois elas acabam se tornando vulgares ao nosso olhar. Porém, muitas vezes, isso pode consistir em um erro grave.

Tomamos por exemplo um bebê, em seus primeiros meses de vida. Eu sei, eu sei: ooooooh! Que bonitinho! Sim, é uma fofura, uma coisa rica e linda mesmo! Entretanto, o mais incrível é se prender aos detalhes. Como um ser humano tão pequeno pode ter mãozinhas perfeitas, com os detalhes das dobrinhas dos dedos e das covinhas rechonchudas; pézinhos que parecem bisnaguinhas com dedinhos, olhinho, nariz, orelha e um sorriso tão... desculpe a repetição, perfeitos (é difícil encontrar outra palavra pra isso)? Ou melhor, como pode haver um ser humano tão pequeno? Digo, nós já fomos daquele tamanho! É difícil ver-nos em miniaturas, e as miniaturas são sempre mais fofas; é um fascínio misterioso. Como é que a vida é realmente um milagre de Deus, não? Como é tudo tão... perfeito!

Embebida por esse sentimento de incredulidade, comecei a perceber que nós, homo sapiens adultos, esquecemos da maravilha que é descobrir. Tirar a cobertura das coisas, vê como elas são a fundo. Talvez, sim, porque naturalmente nos acostumemos com o que nos cerca. Porém, nesse costume, acabamos por deixar passar re-descobertas com potencial valor.

Vejo isso através do meu sobrinho (lindo demais!). Como ele, em seus 4 meses de vida, não deixa descansar os olhinhos, quando abertos, observando tudo ao redor, nos mínimos detalhes! E é tão bonito ver a cara dele de espanto, fascinado, descobrindo o mundo ao seu redor. É muito bonito mesmo. Desde cedo, ele descobrindo a si mesmo; sua mão, seus dedinhos, seus pés... ele todo, no espelho... que coisa linda!

Descobrindo os objetos, a luz no teto, na rua, os carros, os sons, as cores do mundo, as pessoas. Olhando, pensando, pensando, processando... E a gente tentando descobrir também: o que se passa naquela cabecinha que acabou de chegar? Lugares onde estamos acostumados a ir consistem sempre em uma nova jornada, algo realmente novo. A Rua Conde de Bonfim, que conhecemos tão bem, é um novo continente para ele, a ser desbravado. Almofadas, paredes coloridas, armários, chinelos, cadernos, quadros... Tudo é uma gama farta de formas e cores novas, incríveis!

E ele também re-descobre. Melhor do que nós! Sim, eu presenciei isso ontem. Ele redescobre como é olhar para a mãe, como é o sorriso dela, o seu cheiro (o do leite com açaí! hahahaha). Redescobre como deixa o papai bobalhão, fazendo um monte de palhaçadas só pra fazê-lo rir. Redescobre o seu nome, como ele soa ao seu ouvido. Redescobre os tios e tias, os avós e sua casa; mas redescobre com um tom de familiaridade, como quando se deita na sua própria caminha.

E a tia babona aqui só fica pensando como ele ainda tem a frente para conhecer... Esse mundo imenso, cheio de maravilhas, mas onde é preciso ter muito cuidado! E se empolga com a certeza de que ele será, realmente, um grande descobridor, que não apenas descubra, mas modifique, invente, e faça esse mundo melhorar! Pois é, eu descobri que consigo ver tudo isso no meu pequenininho sobrinho. E que descoberta mais maravilhosa! Sinto-me, de fato, afortunada por ela, por conhecê-la através dele, dessa benção em nossas vidas...

Nesse post, queria enaltecer o valor de descobrir, inclusive o velho. Nós somos muito displicentes, acabamos não reparando um belo dia de sol, ou até de chuva, alguns bens da natureza, "os lírios do campo e as aves do céu"... Que recuperemos essa vontade de saber novas coisas e de lançar um novo olhar sobre as antigas, apreciando-as todas, por mais simples que forem. Essa é uma maneira de agradecer por podermos apreciá-las.

E sempre existe algo inédito!

"Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu."

(Olhai os Lírios do Campo - Érico Veríssimo)


Em homenagem ao meu sobrinho lindo e MUITO amado, Pedro, que completa seus 4 meses de vida. Que os próximos meses sejam cheios de amor, alegria, paz e saúde, e cheios de descobertas!

3 comentários:

Liana Clara disse...

Que coisa bonita você escreveu! Valeu a pena parar para ler. Acho que serei uma das suas muitas leitoras, caso venha a escrever todos os dias.
Uma criança nos faz reviver, nos dá animo novo.

Rodolfo disse...

Lindo !

Mari disse...

Lindo demais! Precisamos mesmo redescobrir o prazer de fazer descobertas.

Ah, e adorei saber que agora a nossa futura jornalista pretende postar com mais frequência :D

beijo, beijo!